quinta-feira, 7 de abril de 2011

[INUTILIDADES]


Inútil em cada palavra lida.
Inútil, eu sentado aqui e tu deitado.
Inútil porque inutilmente tento tudo fazer tudo pensar tudo escrever.
Inútil o boa tarde ao vizinho.
Inútil alarde.
Inútil o cigarro que acendes e inalas a plenos pulmões, não penses que aceleras a morte ou abrandas a vida, elas sempre estiveram aí e acontecem quando acontecem sem fatalismos ou estradas traçadas.
Inutil essa sua virilidade externa, inutil toda essa feminilidade interna que escondes.
Inútil o sorriso aos pés da escada e o teu amor ao cimo.
Inutil na cozinha, na rua, em cada esquina, em cada bar.
inútil a todas as horas, inutil o silêncio, inútil o braço esticado pedindo outro braço que se junte. Inútil, um corpo na beira do abismo, inútil piloto de uma vida.
Inútil o dinheiro acumulado para sete vidas se uma única te cabe inutilmente.
Inútil a conversa virtual e o amigo aí tão perto, basta comprar um bilhete virtual para um lugar virtual junto a uma janela virtual ao longo da melhor das paisagens possíveis neste melhor dos mundos possíveis.
Inútil mundo virtual!
Inútil anormalidade, inútil homem, pior dos desastre, inútil beijo, inutilidades terrenas que meu coração limitado anceia mais e mais e mais. Inútil, estrela fora dos eixos e em queda, caindo, cair!
O que eu posso falar, será falado e repetido, sempre: deixa-me por aqui
o cigarro entre os dedos
perdido nos meus medos
em busca de ti.

Nenhum comentário:

Postar um comentário